Quando lidamos com saúde mental, é comum encontrarmos alguns comportamentos dos usuários que assistimos que se tornam desafiadores, e até mesmo difícil de compreendermos e de darmos as melhores respostas. É muito comum aparecer resistência ao tratamento, dificuldade na adesão, e muitas vezes dificuldade na melhora. Existem pacientes crônicos, que também possuem ganhos secundários (conscientes e inconscientes) na doença mental, é preciso considerar que isso é mais comum do que imaginamos e pode ocorrer. Nem anjos, nem demônios, existem aqueles pacientes que podem não melhorar com as técnicas e medicações existentes, é preciso considerar que não somos onipotentes para não incorrermos em frustrações.
Há famílias que são co-dependentes da situação da doença e de uso de substâncias, e quando perguntados sobre a melhora do paciente, podem negar, porque precisam dessa centralidade da doença para continuarem a serem úteis como cuidadores. Precisamos problematizar essas questões e conforme o tempo passa, o profissional de saúde mental hábil conseguirá constatar essas situações e traçar junto com os familiares formas de enfrentamento da co-dependência.
Ao constatarmos no dia a dia dos serviços de saúde mental usuários que não conseguem melhorar o tanto que almejamos, podemos pensar que alguns deles podem sofrer de condições crônicas de transtornos de personalidade. Alguns podem se apresentar com vitimismos, autoestima constantemente rebaixada, autocomiseração, etc, podendo ser condições de tamanha violência vividas ao longo da vida, e que podem demorar muitos anos para alguma melhora.
E, acima de tudo, se aparecerem resistências para cuidar do outro, as vezes isso pode estar mais dizendo de você do que do outro que você cuida! Se permita refletir!
