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domingo, 13 de janeiro de 2013

A Experiência com usuários de álcool e drogas entre crianças e adolescentes de um CAPS infantil


* Por Jackeline Lourenço Aristides e Marina Maria Beltrame

 O Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Caps i) é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). É um lugar de referência e tratamento para crianças e adolescentes (até 18 anos) que apresentam sofrimento psicossocial, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência através de cuidados intensivos, porém comunitários. Estão incluídos nessa categoria as crianças com autismo, psicoses, neuroses graves e em dependência de crack, álcool e outras drogas. 
 Para ser modelo substitutivo ao hospital psiquiátrico, a assistência deve ser integral e em equipe multiprofissional, contemplando o processo saúde doença permeado pelos determinantes sociais. Ao buscar atendimento no Caps Infantil, é agendada uma triagem para a criança/adolescente na qual os pais ou responsáveis também participam. A triagem aos transtornos mentais ocorre às sextas-feiras em grupos divididos por faixa etária e a triagem relacionada à dependência de álcool e ou drogas nas quintas. A escuta é feita pela equipe multiprofissional que se divide em dois grupos: uma parte escuta os pais e a outra parte observa e escuta as crianças e ou adolescentes. Terminada a triagem, a equipe se reúne para discussão dos casos e avaliar se a criança/adolescente apresenta condição psicossocial que justifique atendimento nesta instituição, o que pode implicar em atendimentos em psicologia, psiquiatria, assistência social, procedimentos e consultas de enfermagem, visitas domiciliares, oficinas e grupos terapêuticos. Em caso negativo, a devolutiva é realizada para os pais-responsáveis, ou órgão encaminhador, que pode contemplar esclarecimento de dúvidas ou encaminhamento para outros serviços da rede. Para alcançar a integralidade na assistência e o acolhimento na comunidade desencadeamos reuniões em rede (CRAS, UBS, CREAS, conselho tutelar e outros) e visitas periódicas em escolas. Os preceitos da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial também foram utilizados como argumentos para o desenvolvimento de grupos terapêuticos com crianças e adolescentes em dependência química, reconhecendo a redução de danos como pressuposto da adesão ao tratamento.  Avançamos na integralidade da assistência, na discussão de casos em rede e em equipe multiprofissional, no cuidado dos usuários com dependência química em regime ambulatorial, porém ainda nos deparamos com obstáculos reducionistas quando almejamos os preceitos da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial. Encontramos resistência na desinstitucionalização e na desospitalização entre profissionais da saúde mental, assistência social e educação, e forte apelo à medicalização e internação psiquiátrica. 

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